11.07.2017







No nosso caso, na condição de humanos, não é exatamente a luz que tem tirado nosso sono, apesar dos smartphones contribuírem muito para isso. São as nossas preocupações, pensamentos, ansiedades e por aí vai.

Mas o que realmente me assusta, é a naturalidade com que estamos tratando esse tema, como se sua resolução estivesse limitada ao uso de remédios. Certa vez, eu estava num curso livre sobre mídias sociais, e um colega confidenciou que andava com Rivotril na carteira para aplacar sua ansiedade e dormir melhor.

Ouvi calado. A intimidade de 5 minutos de conversa não me permitia ir além.

Outro produto que as pessoas têm usado com certa frequência, é a melatonina, que apesar de ter sua venda controlada no Brasil, muita gente busca, digamos, formas alternativas de adquiri-la, visando uma noite de sono melhor.

Mas o que pouca gente tem feito, é se perguntar porque realmente está sem sono. Nosso corpo tem uma programação biológica para dormir, e por consequência se regenerar, acomodar informações cerebrais e mais uma série de coisas.

Nessas minhas andanças de vida, já vi vários exemplos: pessoas que convivem com isso a mais de 30 anos – e usam remédios para dormir –, pessoas que acham que ter insônia é normal e não fazem nada para mudá-la, pessoas que têm ciclos mensais de insônia, e vários outros.

Considerar a insônia como algo natural é um atentado contra a própria saúde. Tomar remédios sem prescrição médica para forçar o sono, pode ser tão danoso quanto. Na verdade, tomar remédios por um longo período, mesmo com prescrição médica, não é saudável.

É preciso dormir naturalmente!

O que tem sido muito negligenciado pela grande maioria das pessoas, são os aspectos emocionais envolvidos na insônia. Raramente uma insônia simplesmente acontece.

O que eu observei, tanto nas conversas com pessoas próximas, bem como nos atendimentos clínicos, é que ela sempre está acompanhada à alguma dinâmica de vida da pessoa, mesmo que isso não seja conscientemente perceptível.

Para exemplificar, imagine que suas emoções fossem uma entidade separada de você. Ao evitar com que você durma, elas estão apontando para algo, estão querendo manter você acordado ou acordada, all the time, por alguma razão.

Eu nem preciso dizer que há uma relação direta entre nosso estado corporal e nossos conteúdos emocionais. Mas caso você ainda duvide, exemplifico de maneira simples:

Você leva um susto → evento emocional.

Imediatamente, seu coração dispara, pupila dilata, etc. → eventos corporais, sem que você tenha controle sobre eles.

O mesmo vale para a insônia.

Alguma coisa está acontecendo no seu estilo de vida, mesmo que seja algo que não é claro para você conscientemente → evento emocional.

Qualidade de sono ruim ou insônia → eventos corporais, como consequência de um (ou vários) evento(s) emocional(ais).

Não me refiro especificamente à quantidade de horas dormidas, pois isso varia bastante de pessoa para pessoa. Umas se recompõem com 5 horas de sono, outras com 8 horas, mas a recomendação geral fica entre 7 e 8 horas para um bom descanso.

Aquelas dicas típicas, não olhe o celular na cama, apague a TV, etc., etc., etc., são sempre válidas. Mas a minha sugestão é que você faça uma reflexão e se pergunte se conviver com a insônia é de fato uma opção saudável para sua vida.

Caso não seja, e assim espero, recomendo que você procure ajuda especializada.
Nos meus atendimentos, do ponto de vista emocional, já vi origens diversas para a insônia. Veja alguns exemplos:

Dificuldade de escutar a si e os outros: no silêncio da noite, a insônia obriga a pessoa a “escutar” a si mesma;

Ansiedade: a insônia é resultante um comando, inconsciente, para a pessoa se manter em alerta sempre, mesmo quando não precisa;

Eventos passados: acontecimentos marcantes, na maioria das vezes negativos, que foram guardados nas memórias inconscientes e geram insônia;

Medo de dormir: o sono pode ser revelador, pois a maior parte de nossos sentidos são desligados, abrindo espaço para um elemento muito importante, os sonhos. Além dos sonhos possuírem um papel regulador para as emoções, expressam por meio de metáforas psíquicas, situações de nossa vida que não estamos observando com clareza.

A parte boa? Todas as situações podem ser identificadas e desmobilizadas, visando uma noite de sono tranquila. =)

Não é possível generalizar a causa psíquica da insônia, uma vez que cada experiência individual é diferente, e deve ser investigada como tal. Mas cuidar da sua saúde, além de se alimentar bem, fazer exercícios e manter boas relações pessoais, também é dormir bem.

Boa noite e bons sonhos!
Rafael